sexta-feira, 26 de novembro de 2010

GULA

Comer não é pecado, mas o excesso, a glutonaria ou gula, sim. No sentido literal, a gula é exatamente o excesso de comer e beber. Sua principal característica é engolir e não digerir. Na sua simbologia maior, significa voracidade.
A gula é a má alimentação em todos os aspectos, é a ganância no ato de comer, a mesquinharia na hora de compartilhar um alimento. A gula é o somatório de tudo de prejudicial que a alimentação pode causar, até levar o guloso a morte física através do excesso na ingestão dos alimentos.

É um comportamento compulsivo viciante e dificilmente resistíveis. A gula é compensatória, primitiva. O prazer oral é o primeiro prazer que experimentamos, o que o torna difícil de resistir. Também é um recurso para abafar uma frustração qualquer, por isso muitas vezes comemos chocolate compulsivamente para compensar uma decepção amorosa ou uma perda qualquer. Para muitos psicólogos, a gula é um problema social. Podemos comer de tudo, mas em porções pequenas, sem exagero ou excesso. As pessoas acabam comendo pelo que elas estão vendo, pela beleza, por ver a mesa farta e não pela própria necessidade de comer. Guardada as suas devidas proporções eu encararia a gula como uma espécie de cleptomania, fazendo um paralelo entre roubo por prazer e comer pelo prazer, pela satisfação, pelo vício, e não só pela necessidade.

A gula surgiu ha muito tempo atrás, onde o exagero humano em querer usufruir mais e mais dos prazeres dos sentidos os fez criar a dependência pelo alimento. Desde que a comida humana começou a ser mais valorizada em rituais e cultivada e explorado como negócio entre as pessoas que trocavam o que produziam e inventavam como forma de alimento, esse novo habito chamado de habito alimento, fez com que as pessoas se viciassem em comer sem cessar, experimentando e ingerindo tudo para sentir o prazer dos diferentes paladares que criavam. Com o tempo, houve uma fartura na produção de alimentos e os donos de terras começaram a produzir diferentes plantios fazendo pesquisas e misturas, para então comercializar entre os consumidores. Este cultivo deu inicio a um mal alimentar que estamos metidos atualmente, porém sem consciência desse mal. Quanto mais coisas são colocadas à disposição para as pessoas comerem, mais elas vão querer comer para satisfazer suas insaciáveis gulas. Existiu um tempo onde a comida era tão valorizada que comer era considerado um ato sagrado e por isso as pessoas comiam até morrer! Nos Impérios antigos, nas ceias oferecidas pelas cortes, as pessoas comiam e depois tinha que vomitar o alimento até terem ingerido tudo o que havia na mesa. Não vomitar era considerado desfeita a ceia. O ato de comer dos humanos já passou por várias fases, mas por não ser um processo natural, este habito é considerado um pecado mortal quando é feito em exagero.

Nas festas Romanas, a prática da gulodice era uma constante, pois os romanos eram um povo festivo e que freqüentava mais de uma festa no mesmo dia. Caso não se comesse da fartura oferecida pelo anfitrião, seria uma ofensa. Na época do Renascimento, comer muito significava uma idolatria que afastava as pessoas de Deus. Mas será que nos dias de hoje estamos muito longe disso?
Gula é comer além do necessário para se alimentar. Para alguns, o prazer de comer passou a ser um fim em si mesmo; esse é o erro. E se frustram quando a refeição não é “suculenta e variada”.

A virtude oposta à gula é a temperança: evitar todos os excessos no comer e no beber.
Como remédio contra a gula a Igreja propõe também o jejum; não como um valor em si mesmo, mas como um instrumento para dominar a paixão.
Existe ainda a “Gula Intelectual”, a gente sente que está funcionando abaixo da nossa capacidade, que podíamos dar mais, e aí buscamos uma compensaçãozinha, queremos aprender tudo, abraçar o mundo com as pernas, monopolizar as atenções, ouvir as pessoas dizendo que você é muito inteligente, muito culto. E você volta a rir novamente.
Hoje em dia com o advento da Internet muito se copia na ânsia de obter conhecimento mas pouco se aproveita e muita vezes nem lemos o que copiamos. Acredite, aconteceu comigo, já baixei um total de 8 e-books e não li nenhum, mas eles estão lá esperando um motivo para que eu consiga lê-los.

Muitas vezes com alto-estima baixa, nos sentimos feios, gordos, sem graça, não somos ricos então resolvemos ser cultos e inteligentes. Debruçamos sobre os filósofos, lemos os grandes escritores, e depois de adquirir uma quantidade grande de conhecimento olhamos os mortais comuns e nos sentimos superiores no alto de nossa torre de marfim, sendo reconhecido pela família como fenômeno exibido nas reuniões de família.
São Thomas de Aquino determina 5 características inerentes como sendo as filhas da Gula:

Loquacidade Desvairada                Imundície                  Alegria Néscia
Expansividade Debochada              Embotamento

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