segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O SAGRADO, CALMO E LENTO



Vivemos, nos dias de hoje, tempos de pressa e angústia. Angústia que nasce da pressa com que somos obrigados a realizar as tarefas cotidianas e que também surge diante dos obstáculos à corrida desabalada de nossa pressa.

Na pressa e na angústia da pressa, vivemos a atualidade do mundo profano. Contudo, o mundo sagrado que nós buscamos e encontramos na Rosa+Cruz permanece sempre o mesmo, inabalável, imutável em seus símbolos e energias, sempre imerso na Eternidade luminosa, viva e amorosa de Deus.

Esse não-tempo, essa serenidade, essa força do Sagrado, em contrapartida ao cronômetro perturbador e debilitante do Profano, isso é o que nós, sedentos e famintos, queremos encontrar nas Convocações Ritualísticas, nas Práticas Místicas e nas Iniciações realizadas em nossa Loja Rosacruz.

No entanto, somos, muitas vezes, surpreendidos por oficiais ritualísticos desempenhando com uma pressa angustiada suas funções e falas, como se não tivessem feito a necessária desconexão com o tempo profano, como se não tivessem se entregado à atmosfera tranqüila e atemporal do Templo ou do Pronaos Rosacruz.

E tal situação é especialmente grave, na medida em que essa atitude de não-desconexão do mundo profano e de não-imersão no mundo sagrado, por parte de um oficial ritualístico, não só prejudica a própria experiência mística do oficial, como prejudica a experiência mística dos Fratres e Sorores presentes, pois é tarefa essencial do oficial ritualístico encarnar e transmitir os símbolos e as energias do Sagrado, através de suas falas e gestos e de sua postura no decorrer dos Rituais.

Quando entramos no Templo ou no Pronaos Rosacruz, entramos em outra dimensão, onde não impera mais o tempo profano, mas a atemporalidade sagrada. E é uma obrigação mística de todos os rosacruzes presentes às Práticas e Rituais contribuírem para a manutenção das altas vibrações desse ambiente de força e serenidade, sendo tal obrigação ainda mais determinante quando se trata dos oficiais ritualísticos.

Por que, então, muitas vezes, vemos e sentimos aquela profana pressa angustiada na fala e nos gestos de oficiais ritualísticos ?

É absurdo e inaceitável que um rosacruz esteja ansioso para que a Prática Mística ou o Ritual tenha logo fim, para que ele retorne aos seus afazeres e prazeres do cotidiano ou do fim-de-semana. Mas se for esse, inadvertidamente, o caso, é crucial que o Frater ou a Soror se empenhe, então, seriamente, no desafio espiritual de se desconectar do mundo profano e mergulhar no mundo sagrado do Templo ou do Pronaos, por toda a duração do Ritual ou da Prática Mística em que está presente.

Pode, no entanto, também acontecer do oficial ritualístico ficar nervoso e embaraçado no desempenho de sua função. Contra tais nervosismo e embaraço, o melhor antídoto são os ensaios, o maior número de vezes possível, coletivamente e individualmente, fisicamente e mentalmente, na Loja e em casa. Ensaios que tenham o caráter de um estudo amoroso e meditativo, pelo qual o oficial tome consciência dos significados e do poder das palavras, frases, gestos e movimentos que deverá dizer e executar na ocasião dos Rituais.

E para todas as circunstâncias, uma dupla de palavras é a chave: calma e lentidão. Calma que pode sempre ser produzida por respirações profundas e relaxadas. Lentidão que se consegue com a companheira Calma e com as simples e tantas vezes esquecidas e menosprezadas... Pausas.

Caminhando pelo Templo, calma e lentidão, Dignos Oficiais, pois seus passos pisam o Infinito Eterno. Narrando a Criação, calma e lentidão, Digno Capelão, pois suas palavras refazem-na em nossa alma. Conduzindo os rituais, calma e lentidão, Digno Mestre, pois suas instruções devem chegar aos nossos corações. Lendo a mensagem da Convocação, calma e lentidão, Digno Mestre, para que nossa escuta seja reflexão. Guiando um experimento, calma e lentidão, Digno Mestre, pois cada frase é uma ação a ser completamente realizada. Dizendo e agindo nos rituais, calma e lentidão, Dignos Oficiais, pois suas palavras e sua ação são as palavras e a ação da Tradição Sagrada, para além do tempo e para além do medo.

Se o mundo profano é apressado e angustiado, o mundo sagrado de nossos Templos, Rituais e Práticas Rosacruzes é lento e calmo. E neste oásis divino, nós podemos nos dessedentar e nos alimentar, mas também devemos regar e semear, para que, assim, a Grande Obra perdure e prospere.

(Jaime França Teles. Loja R+C Belo Horizonte. Reproari. 26/2/12)

“A Rosacruz é uma instituição mística”


Bertoldo Weber
Braço do Norte

Notisul - A Ordem Rosacruz é muito antiga?
Elenor
- Sim. Ela é muito antiga, remonta ao antigo Egito, no período de Akenathon da 18º Dinastia de Faraós do Egito, que introduziu o monoteísmo e a adoração ao deus sol, que já se entendia desde então como símbolo da luz maior, que todo buscador sincero na senda mística deve buscar no imenso universo do seu eu interior. Para nossa época, a Ordem Rosacruz Amorc ressurgiu com Harwey Spencer-Lewis, que a trouxe para a América do Norte, no século 20, especificamente em 1915, e aí começou a se desenvolver para o mundo.

Notisul - Por que chamam a ordem de Fraternidade Branca?
Elenor
- Nossa ordem não é chamada de fraternidade branca. Ela pertencia a uma união de fraternidades místicas com finalidades afins que denominavam a Grande Fraternidade Branca. Que não existe mais.

Notisul - A ordem é uma seita, religião? É algo do bem?
Elenor
- A Ordem Rosacruz Amorc, de fato, não é religião e nem seita. Ela é uma escola iniciática, uma filosofia de vida e uma instituição mística e cultural. Enfim, diz-se que a Ordem Rosacruz Amorc é uma fraternidade iniciática e cultural.

Notisul - Existem muitos comentários de que a Ordem Rosacruz possui ligação direta com a Maçonaria. É verdade?
Elenor
- Não. A Ordem Rosacruz possui alguns ensinamentos místicos e propósitos fraternais para a humanidade que se assemelham à maçonaria e mais nada.

Notisul - Quem pode fazer parte da ordem?
Elenor
- Qualquer um que estiver preparado para trazer à sua vida o poder de uma filosofia de vida e uma prática mística.

Notisul - Explique objetivamente os Mistérios dos Rosacruzes? Por que não é mais popularizada ou difundida?
Elenor
- Mistérios são mistérios se forem revelados deixam de ser mistérios. Mas, no plano objetivo, ou seja, da forma como lidamos com o mundo, com os outros e conosco mesmo no dia-a-dia, não vamos encontrar mistério nenhum na Ordem Rosacruz. O Mistério encontra-se nos ensinamentos e nos rituais que são apreendidos no plano sutil de nossa consciência, de forma mais subjetiva e que nos é transmitido não em forma de sinais, como é a nossa linguagem escrita ou falada, mas em forma de símbolos. E, para entender os símbolos místicos, o ser humano precisa estar preparado. O Rosacruz é preparado para isso pelos estudos, mas, acima de tudo, pelos rituais iniciáticos onde a chave do conhecimento simbólico lhes é revelado. Essa revelação também não acontece de forma objetiva, de forma que a mente racional pudesse imediatamente entendê-la e o segredo lhe fosse revelado. Existe uma fórmula muito antiga para entender esse mistério, dizia que “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. No nosso caso, o mestre pode ser a revelação de um símbolo ou de vários símbolos. E não somos nós que conseguimos pelo esforço voluntário de aprender e de nos apoderarmos de um poder que nos possibilita essa compreensão. É o próprio símbolo ou o saber místico que se apodera de nós quando “o discípulo está pronto!”. Portanto, o mistério dos Rosacruzes está nesta constante busca. Uma busca que não quer encontrar ninguém, nem nada, mas ser encontrado.

Notisul - “Conhecimento e aprendizado” com muita harmonia é o ponto chave da vida?
Elenor
- Sim. E que não se dá apenas pelo estudo e leitura da literatura místico-esotérica, mas de muita prática e que os Rosacruzes ensinam com grande eficiência. Os ensinamentos Rosacruzes são passados aos estudantes de duas formas. Em forma de monografia, onde se encontram ensinamentos teóricos e práticos, sobre o misticismo rosacruz e na visita a um organismo afiliado que são templos rosacruzes na forma de Pronois, Capítulos e Lojas de acordo com o número de membros que visitam cada organização destas.

vNotisul - Qual a mensagem para as pessoas neste mundo globalizado, agitado, onde o dinheiro para a maioria das pessoas é o foco?
Elenor - A Ordem Rosacruz trabalha misticamente para que essa fase da humanidade ainda extremamente materialista e avarenta por bens materiais passe o mais rapidamente possível para que o ser humano comece novamente a buscar as maravilhas do mundo interior, de seu eu interior, que se encontra eternamente conectado com todas as outras formas de vida, com o planeta e o cosmos e, portanto, sem lugar para egoísmos, vaidades e paixões materialistas. O amor pleno tão requisitado para a humanidade não pode ser imperativo, ele é conquistado pela compreensão maior que podemos ter do universo, do divino e de nós mesmos como em nada separado, abandonado ou individualizado, mas um todo num tudo. Quando isso for compreendido plenamente, o amor universal prevalecerá e, finalmente, haverá paz no mundo, harmonia no universo e amor pleno entre os seres humanos.

Notisul - É possível, através de bons pensamentos, decidir melhor? E a paz mental das pessoas, como está?
Elenor
- Existe uma reciprocidade entre pensamento e linguagem, ou seja, pensamos pela linguagem e a linguagem orienta nossos pensamentos. Sabemos que nossa linguagem é muito limitada, logo, os pensamentos de certo modo também. É difícil falar sobre o amor pleno, a paz profunda, enfim, sobre o divino e o cósmico. Nossos pensamentos racionais e de lógica formal nos impedem isso. Mas, pela prática mística, podemos experimentar esses sentimentos e entendimentos e, assim, projetar para o mundo, para as pessoas, e que certamente os ajudará a aliviar um pouco as tensões e os sofrimentos humanos que existem em quantidade extremamente grande no mundo dos humanos.

Notisul - Os Rosacruzes já ajudaram muitas pessoas pelo mundo? É verdade que o poder e a sabedoria está no interior de cada pessoa e que é preciso despertar individualmente?
Elenor
- Os Rosacruzes pelo mundo trabalham sem esperar recompensa ou benefícios e, por isso, nada é divulgado sobre o comprometimento e participação de Rosacruzes em eventos históricos ou individuais para o bem das pessoas, instituições, países ou para a humanidade inteira. Mas, certamente, que as vibrações positivas da prática mística Rosacruz já ajudou muito. Esse poder de auxiliar a humanidade e salvar o planeta está claramente dentro de cada um de nós e é preciso que cada vez mais um maior número de pessoas encontre esse poder. A Ordem Rosacruz Amorc faz a sua parte para esse despertar em cada um de seus buscadores. Foi mais ou menos isso que entendeu o grande guru místico indiano Manhatan Gandy, que asseverava a população de seu país, em especial os soldados, a não lutarem com armas pela independência de seu país. Ele afirmava que: “quando apenas um só homem alcançar a plenitude do amor, isso neutraliza o ódio de milhões”.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SEMANA SANTA

Postado em 23/03/2011
Uma das mais importantes datas do mundo Cristão se aproxima, a “Semana Santa”, por este motivo enviamos este pequeno resumo sobre está transcendental semana.

Origem da Semana Santa

A origem da festa está nos costumes judaicos. Inicialmente era a festa da passagem das pastagens. O rebanho era levado de um pasto fraco para um pasto de capim viçoso. Chamava-se "Dia da Páscoa". Esta festa existe antes de Moisés. Ela se combinou com a festa dos ázimos expressando o momento em que o povo de Israel passou para a agricultura, e então celebrava esta festa no princípio da colheita. O texto fundamental da narrativa da páscoa judaica está no livro do Êxodo (12, 1-13) e descreve a luta de Javé pela libertação de seu povo da escravidão do Egito, para levá-lo sobre suas asas ao encontro do Sinai e da Aliança. É uma festa de família, celebrada na noite de lua cheia no início da primavera, no 14º dia do mês das espigas, que depois do exílio, passou a se chamar Nisan.

Independentemente de um dia certo da semana e, em Roma, na maior parte das igrejas, o mistério era comemorado no domingo seguinte ao 14 de Nisan. Essa controvérsia quanto à data correta de comemoração do Mistério Pascal dificultava a unificação da Igreja.

A fim de diminuir as disputas sobre essa data, em 325, o Concílio Ecumênico de Nicéia prescreveu que a Páscoa deveria ser celebrada no domingo depois da primeira lua cheia da primavera daquele hemisfério, evitando assim, que ela fosse comemorada no mesmo dia da Páscoa judaica. Mais tarde, surgiu a necessidade de estabelecer uma data para essa comemoração, em função do estreitamento dos povos das mais diversas regiões.

Por causa disso, o Concílio Vaticano II estabeleceu um código que tinha como objetivo dar à festa da Páscoa um Domingo determinado e estabelecer um calendário fixo.

A partir de então, em Jerusalém, teve início a celebração do martírio de Cristo em três dias consecutivos e foi chamado de TRÍDUO PASCAL. Este termo deriva do latim "tres dies", ou seja, três dias dedicados a celebrações e orações especiais. Na liturgia romana, o tríduo mais importante é o pascal, formado pela Quinta Feira, Sexta Feira e Sábado que antecedem a celebração da Páscoa da Ressurreição, e por isso são seguidos do adjetivo "Santo".

Sexta-feira da Paixão passou a ser o dia dedicado ao sacrifício e morte de Jesus, Sábado de Aleluia o dia consagrado ao luto, e Domingo de Páscoa a festa da ressurreição.

Um decreto papal estabeleceu o Domingo da Ressurreição como a data mais importante do ano eclesiástico. Ele é celebrado sempre no domingo seguinte à primeira lua cheia da primavera no Hemisfério Norte e do outono no Hemisfério Sul.

Depois de Jerusalém, diversas comunidades cristãs adotaram a Semana Santa, que, hoje em dia, começa sete dias antes da Páscoa, com o Domingo de Ramos, que comemora a entrada de Jesus em Jerusalém, saudado pelo povo com ramos de árvores.

Na quinta-feira é celebrada a Última Ceia, a última noite que Jesus passou com os discípulos.

A primeira celebração da Semana Santa pelos cristãos foi em 1.682. Desde então, festejam-se em oito dias a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

SEMANA SANTA

Tem início no domingo de Ramos e termina no tríduo pascal, sendo, portanto, a última semana do tempo quaresmal. Seu desenvolvimento deve-se, sobretudo, à exigência de testemunhar os eventos da Paixão de Cristo. Sta. Etéria, que viveu no final do século IV, descreve em seu livro "Itinerarium" a rica liturgia que se desenvolveu em Jerusalém, teatro das últimas horas de vida do Redentor, e compreende o intervalo de tempo que vai do domingo de Ramos à Páscoa. Na Idade Média essa semana era chamada de "semana dolorosa", porque a Paixão de Cristo era dramatizada pelo povo, mais que celebrada "no mistério", pondo em destaque os aspectos do sofrimento e da compaixão emotiva, talvez com prejuízo do aspecto salvífico e da vitória da ressurreição sobre a morte.

Atualmente, muitas igrejas gostam dessa tradição, que se desenrola com ricas procissões, representativas das pessoas e dos eventos que acompanharam a Paixão de Jesus. As sagradas representações da Paixão são autênticas dramatizações desenvolvidas a partir do século XII, muitas vezes acompanhadas de composições musicais. Músicas próprias, comemorativas da Paixão, exprimem-se segundo o esquema "dos oratórios" de Bach, Haendel, Perosi e Mozart.

As principais celebrações da semana santa são:

DOMINGO DE RAMOS, "DE PASSIONE DOMINI": celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, poucos dias antes de sua paixão: "... a numerosa multidão que viera para a festa (páscoa hebraica) ouviu dizer que Jesus estava chegando a Jerusalém. Saíram-lhe ao encontro com ramos de palmeiras, exclamando: Hosana! Bendito quem vem em nome do Senhor, o rei de Israel!" (Jo 12,12-13).

Antigamente, na manhã da Quinta Feira Santa celebrava-se o rito da reconciliação dos penitentes que já haviam cumprido todo o itinerário penitencial, segundo uma rígida disciplina, pelos pecados graves que os tinham excluído da participação da eucaristia. Já na quarta-feira de cinzas, o bispo lhes tinha imposto o cilício; depois, permaneciam reclusos até a Quinta Feira Santa e absolvidos; somente assim podiam ser readmitidos à celebração eucarística na noite de páscoa. Hoje, os critérios penitenciais são muito menos rigorosos e deixados de preferência à livre iniciativa dos participantes. Nesse dia, a liturgia celebra a "missa do crisma", do grego "chrismon", que significa ungüento; é óleo de oliveira misturado com aromas que o bispo consagra durante a missa do crisma.

Servirá depois para administrar o batismo, a crisma, as ordenações sacerdotais e episcopais; servirá também para a consagração das igrejas, dos altares, dos vasos sagrados, bem como dos sinos. A origem da bênção dos óleos santos e do sagrado crisma é romana, embora o rito tenha marcas galicanas. Há uma determinada seqüência litúrgica que deve ser respeitada, de acordo com o "Pontifical Romano": "Em conformidade com a tradição latina, a bênção do óleo dos enfermos faz-se antes da conclusão da oração eucarística; a bênção do óleo dos catecúmenos e do crisma é dada depois da comunhão. Permite-se, todavia, por razões pastorais, cumprir todo o rito de bênção depois da liturgia da Palavra, conservando, porém, a ordem indicada no próprio rito". Independentemente da bênção dos óleos, tem lugar, logo depois da homilia do bispo, como prescreve o Missal Romano, a renovação das promessas sacerdotais por parte de todos os presbíteros presentes, que, nesse dia, reúnem-se todos em torno do próprio bispo para ter sancionada a consagração sacerdotal.

SEGUNDA, TERÇA E QUARTA-FEIRA SANTAS. A Segunda e Terça-feira da Semana Santa não remontam aos primeiros tempos da liturgia da Igreja Católica. Porém, na Quarta-feira Santa duas celebrações faziam parte da programação: pela manhã, uma reunião comunitária simples com a liturgia da palavra e, ao anoitecer, uma missa. Segundo os princípios da Igreja, esses três dias são uma preparação para o Tríduo Sacro, ou seja, para os dias da Crucificação, Morte e Ressurreição de Jesus.
QUINTA-FEIRA SANTA indica o início do “tríduo pascal” com a celebração da missa vespertina in Coena Domini, na qual se comemora a Última Ceia da páscoa hebraica que Jesus fez com os 12 apóstolos antes de ser preso e levado à morte na cruz. Durante essa ceia "Ele instituiu a eucaristia e o sacerdócio cristão", prefigurando o evento novo da Páscoa Cristã que haveria de se realizar dois dias depois.

O Cordeiro Pascal, a partir dessa ceia, é Ele próprio, que se oferece num voluntário sacrifício de expiação, de louvor e de agradecimento ao Pai, marcando assim a definitiva aliança de Deus com toda a humanidade redimida do poder do mal. A simbologia do sacrifício é expressa pela separação dos dois elementos "o pão" e "o vinho", a carne e o sangue, o Corpo e o Espírito de Jesus, inseparavelmente unidos e separados, sinal misterioso ao mesmo tempo de vida e de morte. Esse evento do mistério de Jesus é também profecia e realização do primado do amor e do serviço na Sua vida e na dos fieis, o que se tornou manifesto no gesto do lava-pés.

Depois do longo silêncio quaresmal, a liturgia canta hoje o Glória. A liturgia da Palavra concentra-se na mensagem do Deus que "salva" desde a primeira aliança celebrada no sangue do cordeiro, por meio do qual Adonai escolhe "os seus", dentro da terra de escravidão, o Egito, até a última aliança marcada na ceia-oferta do próprio Filho. Após a homilia vem a cerimônia do lava-pés feita por quem preside a liturgia para significar que "o serviço" é fundamento do amor; cantam-se, de fato, durante esse rito os responsórios do amor extraídos de João e do apóstolo Paulo. A seguir vem a liturgia eucarística, ao término da qual se tiram as toalhas do altar-mor para indicar o abandono que o Senhor vai encontrar agora; a santa Eucaristia, que não poderá ser consagrada no dia seguinte, é exposta solenemente com procissão interna ou externa à igreja e a seguir recolocada sobre o altar da Deposição até a meia-noite para a adoração por parte dos fiéis. Os paramentos sacros e as vestes litúrgicas têm cor branca. A partir desse momento os sinos silenciam.

SEXTA-FEIRA SANTA é o segundo dia do tríduo pascal: nele se comemora a morte de Jesus na cruz, após um rápido processo. A liturgia celebra este evento, não como dia de luto e de choro, mas na contemplação do extremo sacrifício de Jesus, fonte da salvação universal. Por antiqüíssima tradição, a Igreja não celebra a Eucaristia nesse dia; toda a liturgia do dia gira em torno da proclamação da Palavra. A celebração compõe-se de três partes: - a liturgia da Palavra - a adoração da cruz e a comunhão.

A liturgia da Palavra é toda ela um entrelaçamento das profecias do Antigo Testamento de Zacarias e de Isaías, da dor expressa pelo livro das Lamentações e dos textos do Novo Testamento tirados da primeira carta de Pedro e da leitura da Paixão segundo o Evangelho de um dos sinóticos, em conformidade com o ciclo anual, bem como da morte segundo o evangelho de João; confirmando cada uma das partes o mistério do Filho do Homem, "desprezado, refugo da humanidade, homem das dores e habituado à enfermidade" (Is 53,1-3).

Às quinze horas tem início a liturgia da cruz, com leituras do profeta Isaías e das Lamentações entrelaçadas com textos de Lucas e dos Salmos, a que se segue a Paixão segundo João, que mostra Jesus como rei que percorre livremente o caminho da paixão e da cruz. Depois da leitura da Paixão segundo João, vem o descobrimento da cruz para a adoração. Após o rito da adoração, normalmente expresso pela procissão até a cruz e o beijo em Cristo crucificado, proclama-se a grande oração universal: - por todos os ministros do povo de Deus - pelos catecúmenos - pela unidade das Igrejas - pelo povo de Israel - pelos que acreditam em Deus - pelos que não acreditam em Deus - pelos governantes - pelos que sofrem - por todos os mortos Segue-se a adoração pessoal e silenciosa de cada fiel até as Vésperas do dia seguinte. O altar está totalmente desnudo, sem cruz, sem candelabros, sem toalhas; todas as imagens da igreja estão cobertas; a cor das vestes é roxa; acendem-se luzes de velas somente ao redor da cruz. Tudo deve significar o silêncio sereno da Morte do Justo. Prescreve-se o jejum e a abstinência de tudo o que satisfaça qualquer desejo material.

SÁBADO SANTO é o último dia do tríduo pascal e a vigília da Páscoa da Ressurreição. É chamado de Vigília Pascal, ou Sábado de Aleluia. A liturgia do dia continua sendo a parada junto ao sepulcro do Senhor, com a meditação de sua paixão e morte, sem celebrar nenhum rito litúrgico por todo o dia.No início do cristianismo, o Sábado Santo não tinha liturgia, e a eucaristia não era celebrada. Nesse dia, havia apenas o último exorcismo solene feito pelo bispo. No século II, a Vigília Pascal era marcada pela celebração da palavra, o batismo e a celebração eucarística.

A partir do século IV, teve início a celebração do Sacratíssimo Tríduo do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. A utilização da expressão Tríduo Pascal só passou a ser usada em 1930.
Mais tarde, no século VII, a Vigília Pascal passou a ter início na tarde do Sábado e a eucaristia era celebrada no começo da noite. As leituras começavam a partir das duas horas da tarde, havia a benção do fogo e o canto "Exulted".

No final das Vésperas ou à noite, segundo as tradições locais, celebram-se os ritos da ressurreição com a "solene vigília pascal". Vigília, do latim "vigília", indica o costume de preparar-se para uma solenidade, vigiando em orações durante a noite precedente; a vigília por excelência é a vigília pascal, vértice do ano litúrgico. Desta vigília é que nasceu depois o hábito de iniciar com uma vigília também outras solenidades, como o Natal e Pentecostes. A vigília adquire significado escatológico à luz da parábola das 10 virgens em Mt 25,6: "À meia-noite, ouviu-se um clamor: ‘Lá vem o noivo! Saí-lhe ao encontro!’" e do convite de ficar sempre atento que Jesus dirigiu aos apóstolos em Mc 13,35-36: "Vigiai, pois não sabeis quando o Senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo ou pela manhã, para que não suceda que, vindo de repente, vos encontre dormindo".

A noite do Sábado Santo passou a ter as seguintes partes:

Celebração da Luz - Realiza-se perante a fogueira acesa, na qual se acende o círio pascal. A reunião dos fiéis ao redor da fogueira manifesta a participação comunitária. A antiga tradição de acender a fogueira através do atrito entre pedras tem a ver com a alusão a Cristo, que é a pedra angular e que, do túmulo escuro de pedras, nasce como luz para o mundo.

Celebração do Círio - O Círio Pascal nasce da tradição de iluminar a noite com tochas de fogo ou muitas lâmpadas. Elas representam o Senhor ressuscitado como luz nas trevas humanas. Seguir o Círio Pascal em procissão tem grande valor simbólico, pois representa o seguimento de Jesus, que se apresenta como a luz do mundo e lembra o povo de Israel que seguia Moisés na escuridão em busca da libertação, iluminando somente pela fé em Javé.

Liturgia da Palavra - Nove leituras bíblicas, sendo sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento (epístola e evangelho), que podem ser diminuídas por razões pastorais. Todas estas leituras são entremeadas por salmos ou cânticos, que devem ter, além da proclamação de seu conteúdo específico, a função de dinamizar e animar a assembléia celebrante.

Liturgia Batismal - A Igreja, desde os primeiros séculos, ligou a celebração do batismo à noite pascal, pois esta foi sempre a celebração, por excelência, da realização do batismo na comunidade cristã primitiva.

Liturgia Eucarística - É o coração da vigília pascal. Embora as circunstâncias das comunidades urbanas sejam menos propícias, por questão de transporte e mesmo de violência, muitas comunidades rurais ou de bairros realizam um ágape ou uma confraternização após a celebração da vigília, para comemorar e celebrar de forma festiva este acontecimento fundamental da fé cristã. Quando preparado pela equipe de liturgia ou pelos membros da comunidade, deve-se estimular a participação de todos, pois este evento constitui parte integrante da celebração.

O tríduo pascal termina com as Vésperas do domingo da Ressurreição.

DOMINGO DE PÁSCOA

No início do cristianismo, como a Celebração Pascal celebrada no Sábado Santo durava até a madrugada, não existia uma liturgia própria para o Domingo. Somente após a reforma de 1955 foi que o Domingo de Páscoa passou a ter um caráter verdadeiro. Em uma celebração muito alegre, a comunidade se reúne para exaltar Jesus Cristo, que venceu as barreiras da Morte, e convida todos à Ressurreição.

A Semana Santa deve representar para todos os Cristãos a consumação da Obra que Nosso Senhor Jesus Cristo fez pela humanidade, Amor, Humildade e Piedade.

"Deus é Amor, Amor Magnânimo, que encerra em si todas as Virtudes”.
Paz Profunda

Fonte: Sociedade das Ciências Antigas - SCA

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A MENININHA

(Desabafo do meu amigo e frater Jaime França)

Uma criança não pode ser morta
Uma criança de três anos
não pode ser morta
A menininha brincando na praia
não pode ser morta
De mãos dadas com a mãe
no colo do pai
pisando a areia insegura
a menininha não pode ser morta.

O garoto mimado no jet-ski
estraçalhou seu crânio
e fugiu
e levou pela mão a família
e apodrecerá impune
e será um dia um alegre bêbado.

Mas a menininha foi extirpada
verde nos braços do mar
A loirinha de juba branca
golpeada em sua coroa
é o leão dos arcanjos
A filhinha da Lua
arrebatou-a Titã Acaso
num eclipse vermelho.

Mas o garoto assassino distraído
cultivará o fundo verme
e uma bruma amarga na madrugada
Longeva e saudavelmente
cozinhe-o o Carma
Num silêncio de murmúrios
nunca descanse
E em todos os sóis poentes
a queda e a náusea.

Perdoe-nos, então, menininha
a todos nós que odiamos
aos pés de teu sacrifício
Ressurja ao meio-dia
no céu azul-vazio
Pegue-a no colo
Maria
Pelos seus cabelos
passe sua mão direita
Papai.

(Jaime França Teles Jr.  20/2/2012)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SOBRE O DOMÍNIO DA VIDA



Em todos esses anos como estudante de misticismo rosacruz fui sabatinado muitas vezes por pessoas que ainda pensam que estudantes de misticismo são alienados, que vivem olhando horóscopo de jornal e entoando mantras para alcançar o êxtase do sei lá o quê. Sempre argumentei com tranqüilidade porque essa idéia é muito antiga e por mais que explicamos as pessoas insistem em dizer o contrário. Mas há pouco tempo tive que ouvir de um Gnóstico que os rosacruzes são muito pretensiosos em acreditar que alcançarão o Domínio da Vida nessa encarnação. Depois de respirar algumas vezes para não dizer que por essas e outras que eu acredito que “enquanto houver cavalo São Jorge não anda a pé”, respondi para aquele “Zé ruela” que as coisas não são bem assim como ele pensava (tenho minhas dúvidas se existe algum vestígio de massa cinzenta naquela cavidade craniana que ele chama de cabeça), que o domínio da vida o qual a Tradição Rosacruz se refere em suas monografias é o estudo das Leis Divinas sob as quais todos nós vivemos independente de acreditar ou não em Deus, ou seja, o Domínio da Vida não é nada mais do que o estudo das Leis de Deus, e de posse desse conhecimento passamos a viver de acordo com essas Leis, alcançando assim a maestria no que diz respeito a alguns setores da vida. O Domínio da Vida quer dizer direcionamento e não controle se fosse simples assim, todo estudante Rosacruz seria rico, feliz, bem sucedido em tudo e sem problemas. A vida pareceria um tarde de domingo sem grandes desafios e sem muita coisa a nos exigir. Ou seja, muito sem graça!
Falando sério e com um pouquinho mais de profundidade, acredito que a medida em que nos desenvolvemos e enriquecemos em conhecimento e experiência, bem como no uso de nossa natureza psíquica, estamos aumentando o nosso auto-domínio, porque o domínio do Eu implica na utilização desse Eu, no emprego de tudo aquilo que é ou contribui para a natureza do Eu, isso significa que desenvolvendo física, mental e psiquicamente, para obter harmonia e equilíbrio alcançaremos o Domínio da Vida.
Existe um fator que se torna evidente à medida que nos adiantamos, à medida que alcançamos sucessivos graus de desenvolvimento. Trata-se do fato de que o Domínio da Vida absoluto jamais será alcançado no período de uma só existência, diferentemente do que pensa a besta humana a que me referi acima. Isso acontece pelo simples fato de que não tempos condições de dominar em conhecimento todos os setores da vida física. Dominamos aproximadamente dois ou três setores e somos desafiados a dominar outros, mas muitas vezes não temos aptidão para alcançar o domínio de um ou outro setor. Em outras palavras, não podemos alcançar um estado de perfeição absoluta antes que tenhamos nos desenvolvido ao ponto em que não haja um estado evolutivo mais avançado, ou que tenhamos atingido o ponto a que comumente nos referimos como um estado de retorno ao próprio infinito, do qual viemos e ao qual deveremos voltar. Alguém aí pensou em reencarnação? Acertou.
Portanto, qualquer grau de progresso constitui um grau de maestria, porém, o Domínio da Vida absoluto está mais adiante. Quando consideramos seriamente a idéia de que o conhecimento final é infinito, em contraste com o finito, podemos tornar bem conscientes do fato de que, à medida que nossa vida se desenrola, cada experiência, cada elemento de conhecimento, se constitui num meio para descortinarmos um novo horizonte, que é parte de uma nova fase do nosso progresso, onde surgem novas questões e experiências, novo conhecimento, uma nova vida.
A consecução e a maestria são condições que temos de elaborar como parte da nossa vida global. A compreensão das circunstâncias da vida, como os fatores que a contribuem e aqueles que inibem o nosso viver, poderá nos ajudar em nosso desenvolvimento global, porém, esse desenvolvimento deve prosseguir até que essa dualidade seja equilibrada e passamos a caminhar no caminho do meio. Assim progrediremos mais rápido quando as condições forem favoráveis e com mais profundidade quando as condições forem contrárias.
Ufa!!! Desabafei
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