quinta-feira, 21 de julho de 2011

ORDEM ROSACRUZ (5ª PARTE - FINAL)


Depois de explicar em que sentido a AMORC é um movimento filosófico, iniciático e tradicional. Também a palavra místico merece um breve comentário. Na linguagem corrente, esta palavra é freqüentemente usada de forma pejorativa para designar uma pessoa cujo ideal ou comportamento é considerado misterioso, estranho ou insólito. No entanto, esse termo mostra simplesmente um indivíduo que se interessa pelos mistérios da vida, no sentido tradicional da expressão. Nesta oportunidade aproveito para citar um trecho de um discurso que Marguerite Yourcenar apresentou em sua nomeação para a Academia Francesa. Falando daquele a quem sucedeu: "eis que ele conseguiu chegar, e o confessa com clara timidez, ao nível de místico da matéria. Acredito perceber nessa timidez o efeito de dois estados de espírito freqüentemente presentes no intelectual do tipo puramente racionalista - principalmente na França. O primeiro deles, um receio quase que supersticioso da palavra "místico", como se essa palavra se referisse a outra coisa que não ao adepto das doutrinas que se conservam mais ou menos secretas ou pesquisador das coisas que permanecem ocultas. E, no entanto, todos sabemos que todo o pensamento profundo permanece em parte secreto, pela falta de palavra para expressá-lo, e que todas as coisas permanecem para nós em parte ocultas. O segundo desses dois estados de espírito não é outro que não um certo desdém pela palavra "matéria", esta muito freqüentemente considerada como a substância de um estado bruto, colocada em posição diamentralmente oposta à palavra "alma"...
Faço também um breve esclarecimento sobre o sentido da palavra "esotérico". É muito comum se dar a esse termo um sentido pejorativo, para não dizer negativo. Na realidade, ele designa uma tradição, uma prática ou um ensinamento que só é conhecido por um pequeno número de indivíduos, não pelo fato de ser secreto, mas porque poucas pessoas se interessam por ele. Visto por este ângulo, é verdade que a AMORC é um movimento esotérico, o que explica o porquê de seus membros serem relativamente pouco numerosos e o porquê de ela ser pouco conhecida do grande público. Ao contrário, as religiões são ditas exotéricas, pois são direcionadas às massas e são seguidas por um grupo bem numeroso de fiéis. Todo aquele que fizer um estudo aprofundado perceberá que a maioria delas deu origem a correntes esotéricas que lhe são próprias e cujo número de adeptos é limitado: a Cabala no Judaísmo, o Joanismo no Cristianismo, o Sufismo no Islamismo. No sentido tradicional, o esoterismo nada tem de pejorativo, pois busca o domínio do Conhecimento como um todo, donde o interesse que muitos historiadores têm por ele.
Espero ter esclarecido nestas poucas linhas, em que sentido a AMORC é um movimento filosófico, iniciático e tradicional, e até mesmo em que sentido é um movimento místico e esotérico. Mas, se fosse preciso guardar na mente apenas um coisa sobre esse assunto, essa seria que se trata de uma Fraternidade Mundial composta de homens e mulheres de todas as raças, de todas as classes sociais e de todas as religiões. Numa época em que o individualismo prevalece e em que o nacionalismo ainda está muito marcado, essa abertura de espírito merece ser destacada. É nessa linha que a AMORC demonstra seu humanismo e sua vontade de contribuir para a elevação das consciências. Isso naturalmente não quer dizer que ela detenha a Verdade e que quem quer que siga seus ensinamentos tenha a garantia de saber tudo sobre tudo e de levar uma vida sem qualquer problema. No entanto, independente dos ensinamentos que perpetua, ela tem o mérito de ser um vetor de tolerância, de harmonia e de paz. É isso que faz com que se afirme que: "A alma da Rosacruz faz parte da alma humanista e espiritual do Ocidente; ela é uma de suas jóias que reluzem de beleza, amor e pureza".

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